Em manifesto lido na CPI das ONGs, nesta terça, 24, em nome da etnia Xavante, os caciques Arnaldo Tsererowe e Graciano Aedzane acusaram a Funai de estar ao lado de ONGs, que desviam recursos, que captam usando o nome dos indígenas.
No depoimento os caciques defenderam a derrubada do veto do presidente Lula ao marco temporal, e relataram que o sucesso da agricultura mecanizada em suas reservas só foi possível porque enfrentaram e não aceitaram a tutela das ONGs que pegam muito dinheiro, só fazem assembleia, prometem projetos mas somem e só aparecem na aldeia para tirar fotos das tradições indígenas para arrecadar mais dinheiro que nunca os beneficia.
Isso tudo em conluio com a Funai, que deveria protegê-los.
“Os dois estão abraçados: a ONG e a Funai. Dentro das aldeias, as comunidades indígenas estão sofrendo muito. Só continua a nossa tradição: a corrida de toras de Buriti e as danças, as danças da chuva, mas a ONG chega para filmar. Ela diz: eu vou trazer para vocês alimentação. Só de conversa. Está junto com a Funai. A Funai também foi a mentira. A Funai também está desviando muito. A Funai não cuida dos indígenas”, protestou o cacique Graciano Aedzane.
Os caciques Graciano e Arnaldo fizeram um apelo pela derrubada do veto ao marco temporal.
Disseram que o presidente Lula não respeitou o voto dos parlamentares e agora temem que haja conflitos entre indígenas e produtores rurais.
“Eu espero que os senhores Senadores, que têm consciência com a sobrevivência dos povos indígenas desse País, a gente espera a derrubada do veto do senhor presidente da República, que não respeitou o voto que representa o nosso País, que não respeita o voto do nosso senador, que é sagrado. Senhores senadores precisamos sobreviver em harmonia neste país, sem conflito, sem a morte. Isso que importa para o País’, apelou o cacique Arnaldo Tsererowe.
O cacique Graciano, da reserva Sangradouro, em Mato Grosso, leu um manifesto da etnia Xavante contra as ONGs . O manifesto assinado por Graciano como “o último guerreiro” é um repúdio á tutela e um grito de liberdade em relação ás ONGs para que possam trabalhar e progredir.
“Queremos uma vida digna acompanhando o desenvolvimento sem deixar as tradições, cultura, o modo de viver preservando nossas vidas, acompanhar desenvolvimento. O Brasil teve um grito de liberdade ( na Independência) mas o Brasil e o governo não deixaram a liberdade para os povos do Brasil. Precisamos trabalhar, desenvolver, acompanhar a modernidade e não ficar na mendicância e recebendo cestas básica, precisamos usar nossas terras e nosso territórios Indígenas. As ONG’S usam muito os povos indígenas, desviando cada vez mais recursos para outro fim ou em seus benefícios particulares. É preciso investigar nesta CPI todas as ONG’S que recebem recurso do governo federal e internacionais que manipulam líderes e caciques, usando-os como peça de manobra, adquirindo recurso em nome da comunidade com falsidade ideológica . Assim deixamos a nossa manifestação e repudio contra as ONGs”, diz o manifesto .
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Assessoria do senador Plínio Valério