…Por trás sempre tem um jogo em cima dos votos do fiés, assim, o presidente da Frente Parlamentar na Câmara Federal declara apoio ao prefeito de Manaus David Almeida…
O detalhe suspeito é que isto ocorre nesta semana, após o Instituto Bíblico da Assembleia de Deus no Amazonas (Ibadam), que é da Igreja Assembleia de Deus, entidade dirigida pela família Câmara, ter firmado contrato de R$ 3 milhões com a Prefeitura de Manaus, de acordo publicado da revista CENARIUM.
RACHA DE IRMÃOS
No primeiro turno, Silas foi de Roberto Cidade, candidato a prefeieto que tinha oa poio do governador Wilson Lima, e ficou em quarto lugar. Ali, havia outros interesses já fechados do deputado federal, e isto bateu de encontro com o irmão dele, o presidente da Assembleia de Deus, pastor Jonatas Câmara, que está fechado desde sempre com David.
Isso, segundo fontes, gerou um ‘racha’ entre irmãos. “Os irmãos de igreja também brigam e lutam por interesses escusos. O pecado deles terá suas consequências”, disse um evagélico da cúpula da IEAD.
A manifestação pública de apoio dos irmãos Câmara ao prefeito de Manaus ocorreu em evento político realizado no espaço Via Torres, na Zona Centro-Sul da cidade.
Silas sendo Silas, pergunta sobre o comprometimento do eleitorado com o prefeito no segundo turno:
“O David pode ou não pode contar conosco?”, questiona, que recebe uma resposta positiva da plateia.
LÁ, ATRÁS, TUDO LEGAL? ATÉ PODE SER, MAS…
Em setembro de 2023, a Prefeitura de Manaus alugou prédio do Ibadam pelo valor global de R$ 3 milhões, a ser pago em cinco anos. A contratação foi feita pela Secretaria Municipal de Educação (Semed), administrada pela irmã do prefeito, Dulce Almeida, coordenadora da campanha eleitoral dele à reeleição.
O imóvel fica localizado na Avenida André Araújo, nº 1.188, bairro São Francisco, Zona Sul de Manaus. Em 2012, o espaço funcionava como o Instituto de Educação Boas Novas, depois virou o Núcleo de Práticas Multidisciplinares da Faculdade Boas Novas. O lugar é utilizado pela Semed como Centro Municipal de Educação Especial.
O contrato deve ser concluído apenas em 2028, com a finalidade de “funcionamento de uma unidade de ensino na modalidade de Ensino Fundamental“. O custo mensal da locação é de R$ 51.100, pagos ao longo do acordo.
CHAMADO PELOS IRMAÕS
Em uma carta aberta direcionada a pastores e integrantes da Assembleia de Deus no Amazonas, o pastor líder da Ieadam, Jonatas Câmara, pede que os fiéis multipliquem votos, ajustem foto nas redes sociais e distribuam material de campanha de David Almeida. A orientação é assinada por Jonatas e pela esposa dele, a missionária Ana Lúcia Câmara.
“Nesse momento, seguimos unidos em busca de proteção da nossa cidade, que tem uma administração desafiadora, mas é muito preciosa e amada. Não podemos em hipótese alguma arriscar nesse desafio”, diz trecho da carta.
O comunicado da Ieadam convoca, ainda, os fiéis da Assembleia a participar de evento de apoio à candidatura de David Almeida, intitulado pela instituição de “Clamor a Deus por Manaus e Fortalecimento Mútuo”.
A Ieadam é considerada uma das maiores redes cristãs do Amazonas, com mais de 1.800 congregações no Estado, sendo 320 igrejas somente em Manaus.
ABUSO DE PODER
A prática adotada pela Iedam tem semelhanças com o caso do deputado estadual Fábio da Silva Francisco (UB), cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) por abuso de poder religioso com repercussão econômica nas eleições de 2022.
A Corte entendeu que Fábio Silva promoveu a própria candidatura na condição de apresentador, diretor e sócio da Rádio Melodia (FM 97,5), uma emissora evangélica. Segundo o processo, o então deputado estadual e candidato à reeleição esteve presente no púlpito da igreja em pelo menos dois eventos do “Culto da Melodia”, para possivelmente fazer discurso político e distribuir material de campanha.
Nas redes sociais, a divulgação alcançou 1,5 milhão de seguidores. Os fatos ocorreram em setembro de 2022. Em 2020, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) rejeitou a criação da figura do abuso de poder religioso por entender que já existem mecanismos suficientes para enquadrar abusos em eleições de instituições religiosas.
Apesar de não ter sido regulamentado, a prática de abuso de poder religioso pode ser enquadrada, quando as circunstâncias permitem, em conduta de algumas formas de abuso já existente, como o político e o econômico.