Audiência pública sobre papel da “Cannabis Medicinal na ALERR . Relatos foram feitos no Plenário, e reuniu parlamentares, órgãos públicos, estudantes, sociedade civil e profissionais de saúde.
A discussão que também circula no Congresso Nacional, tendo o deputado federal Zé Haroldo Cathedral como defensor, a ação medicinal da “Cannabis Medicinal foi tema de debate na Assembleia Legislativa de Roraima (ALERR).
Dados científicos garantem tratamento e a devida necessidade de acesso do medicamento à base de canabidiol.
O debate ocorreu no Plenário da ALERR, e teve como capitã desta discussão a deputada Catarina Guerra, e pôde reunir pacientes e familiares de usuários, que se emocionaram ao depor sobre como suas vidas melhoraram após o tratamento com remédios que têm a cannabis como principal ativo.
Hermes Lira Martins é uma das pessoas que defende o uso desses medicamentos. No encontro, ele contou que seu sobrinho Guilherme Martins, de 16 anos, foi diagnosticado com epilepsia. O adolescente chegou em sua casa aos 14 anos de idade, pesando apenas 29 quilos e com crises convulsivas que chegavam a mais de 15 por dia.
Após consulta com o psiquiatra Wilson Lessa Júnior, foi apontado que o jovem poderia fazer tratamento com a substância, iniciado em novembro de 2021, apesar do custo elevado para a família. Quase dois anos usando o medicamento, Hermes informou que o paciente já apresentou melhoras.
“Em um período muito curto, Guilherme levantou da cadeira de rodas e demonstrou que a medicação fazia o efeito que ele precisava para ter uma qualidade de vida melhor. A partir desse momento, começou outra luta, por meio da Defensoria Pública, para a gente poder ter ajuda. O órgão acolheu nossa solicitação e entrou com ação. Em 24 de junho de 2022, o juiz deu ganho de causa ao Guilherme para o Estado bancar o tratamento”, informou.
MUITOS RELATOS
Como da servidora pública Ana Cristina Leite, diagnosticada há quatro anos com fibromialgia, doença que não tem cura em que a pessoa sente dores intensas por todo o corpo, e o da professora Priscila Moraes, mãe de Levy, de 10 anos, que tem Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Conforme Priscila, Levy sempre teve dificuldades com a fala e em se expressar até os oito anos de vida, pouco antes de iniciar o tratamento. A professora também declarou que, no início, ela e o esposo tiveram um pouco de preconceito com relação ao medicamento. Porém, em menos de um mês de uso, Levy começou a se comunicar.
“Antes de começar a falar, ele começou a ter o que a gente chama de ecolalia. Ele falava pouca coisa, e só repetia o que a gente falava”, relembrou. “Hoje, Levy fala tudo. Até demais”, brincou.
O que se busca é a segurança legal do uso do trataento à base da cannabis.
“Roraima não pode ficar de fora disso. Com esses relatos que foram apresentados, a gente precisa ter a garantia de expansão desse tratamento a todos que quiserem buscá-lo. A Assembleia, como Poder, faz parte dessa correlação, dessa discussão e debate”, destacou Catarina Guerra.
Projeto de Lei (PL) nº 23/2023
De Catarina Guerra, este PL institui a política estadual de fornecimento gratuito de medicamentos formulados a partir do derivado vegetal à base de canabidiol.
“É trazendo esses debates, informações com profissionais da área, o envolvimento da população e a sociedade que a gente vai conseguir destravar barreiras, quebrar preconceitos e, assim, buscar a efetividade, já que foram satisfatórios os depoimentos positivos com o uso desses medicamentos”, concluiu a deputada.
Histórico medicinal da cannabis
O psiquiatra e professor de medicina Wilson Lessa Júnior foi convidado a ministrar uma palestra sobre os aspectos históricos do uso medicinal da cannabis.
“Existem substâncias que são muito úteis para tratar determinados males, como os sintomas de TDAH [Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade] ou mesmo uma insônia, mas essas medicações, se utilizadas de modo equivocado, podem causar danos também”, ressaltou.
Lessa destacou que mais de 70% da população mundial depende quase que exclusivamente da fitoterapia – tratamento que usa medicamentos cujos ativos são plantas ou derivados vegetais.
“Não se trata de uma nova medicina, mas da redescoberta de uma coisa que já se fazia há muito tempo e não tinha sido aplicada ao método científico, e que a gente tem visto nos últimos 30 anos. Quando falamos em ciência, temos que trazer os benefícios, os riscos e conversar abertamente sobre isso”, declarou Lessa, afirmando que não há por que aguardar mais estudos sobre o assunto para fazer as coisas acontecerem.
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Com Suzanne Oliveira
Fotos: Eduardo Andrade/ Jader Souza
SupCom ALE-RR