Os dados confirmam, a Capital Federal aparece ainda como a terceira unidade com a menor desigualdade de salário entre homens e mulheres. Os dados são do 1º Relatório de Transparência Salarial
Não se discute o quanto da presença feminina fortalece o mercado de trabalho do Distrito Federal.
Isto é comprovado pelo 1º Relatório de Transparência Salarial, desenvolvido pelos ministérios das Mulheres (MMulheres) e do Trabalho e do Emprego (MTE), que apontou que a Capital Federal é a unidade da Federação em que as mulheres têm a maior remuneração média – 64,59% a mais do que em todo o Brasil – e a terceira com a menor desigualdade de salário entre homens e mulheres – uma diferença de 8% – atrás apenas do Piauí e de Sergipe.
Enquanto a média nacional de remuneração das mulheres é de R$ 3.904,34, no Distrito Federal o valor é de R$ 6.045,01.
O salário feminino no DF é R$ 524,70 menor do que o dos homens na capital federal. Já na média do país a diferença sobe para R$ 942,05. A pesquisa se baseou nos dados de 2022 da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), que reúne informações sobre o mercado de trabalho formal, respondido por 1.010 empresas do DF que empregam 462 mil pessoas.
“As políticas públicas em educação continuada, treinamentos e desenvolvimento de habilidades abrem as portas para oportunidades de emprego mais bem-remuneradas para as mulheres”, Giselle Ferreira, secretária da Mulher
Alguns pontos explicam os índices positivos do DF. Entre os fatores está a característica da distribuição ocupacional na capital.
“Temos uma grande concentração de mulheres no setor de serviços e de comércio, que é um segmento muito forte no DF, e na administração pública”, explica a gerente de Avaliação de Políticas Socioeconômicas do Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF), Bárbara Carrijo.
A qualificação feminina é outro aspecto que influencia na diminuição da desigualdade.
“A mão de obra da mulher é mais qualificada. Temos uma grande quantidade de mulheres com ensino médio e o ensino superior completos. Quanto maior a qualificação da mão de obra, menor é a diferença”, afirma a gerente do IPEDF. “Mas as mulheres ainda enfrentam dificuldades quando almejam cargos mais altos. A pesquisa indica uma diferença de 20,5% em cargos de dirigentes e gerentes. Então ainda é um desafio”, alerta Carrijo.
Investir em capacitação é uma das formas que o Governo do Distrito Federal (GDF) tem encontrado para alcançar a equidade de gênero.
“Buscamos fortalecer a qualificação da mulher oferecendo políticas públicas voltadas à capacitação e empregabilidade”, afirma a subsecretária de Promoção das Mulheres da Secretaria da Mulher (SMDF), Renata D’Aguiar.
Um desses programas é o Empreende Mais Mulher, que acolhe a população feminina com cursos de artesanato, beleza, autoestima e informática.
A Secretaria da Mulher também conta com os programas Oportunidade Mulher, que qualifica mulheres com oficinas online e presenciais; e Realize, com desenvolvimento de competências para o empreendedorismo. Além disso, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Renda (Sedet) oferece qualificação feminina nos projetos Capacitando Elas, Mulheres Vencedoras, RenovaDF, Qualifica DF e Fábrica Social.
“As políticas públicas em educação continuada, treinamentos e desenvolvimento de habilidades abrem as portas para oportunidades de emprego mais bem-remuneradas para as mulheres”, analisa a secretária da Mulher, Giselle Ferreira.
Mudança de cultura
Outra frente de trabalho do governo é a sensibilização junto à iniciativa privada e à sociedade. A Secretaria da Mulher faz essa articulação por meio da Rede Sou Mais Mulher, onde a pasta atua de forma conjunta com organizações como Sistema S, Neoenergia, Instituto Banco de Brasília (BRB) e Instituto Federal de Brasília (IFB) promovendo a igualdade entre mulheres e homens, além de ações de empreendedorismo e autonomia econômica das mulheres. A participação é voluntária e por meio de cooperação técnica.
“Nunca me imaginei nessa área, por ser um setor majoritariamente masculino. No começo tinha certo receio de não conseguir fazer a parte prática, mas o curso foi todo adaptado para nós mulheres. Na minha turma todas tivemos um bom desenvolvimento e fomos contratadas”, Giovanna de Sousa, eletricista
Entre as ações de destaque do projeto está a formação de eletricistas mulheres em curso de formação promovido pela Neoenergia.
A qualificação visa ampliar a participação feminina dentro da empresa. Até março deste ano, a empresa já capacitou 343 pessoas, destas 275 foram contratadas, sendo 155 mulheres, um percentual acima de 50%.
Esse é o caso de Giovanna de Sousa, 26 anos. Em 2021, ela se inscreveu no curso de eletricista e agora compõe a equipe como técnica.
“Nunca me imaginei nessa área, por ser um setor majoritariamente masculino. Fiquei sabendo da oportunidade e me inscrevi. No começo tinha certo receio de não conseguir fazer a parte prática, mas o curso foi todo adaptado para nós mulheres. Realmente eles abraçaram a equidade para fazer com que todos fossem capazes de realizar todas as atividades. Na minha turma todas tivemos um bom desenvolvimento e fomos contratadas”, conta.
- Giovanna começou como eletricista e seis meses depois fez o curso de operadora de subestação e se tornou a primeira mulher a ocupar o cargo na empresa.
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“Após um ano fui promovida para o setor de manutenção, depois me tornei técnica I e agora sou técnica II. Tive a sorte de fazer parte de uma empresa que abraçou a causa feminina num nicho muito masculino. Mas sei que há mulheres no Brasil que não tiveram essa oportunidade, então fico feliz de representar essas mulheres em um ambiente onde a equidade de fato acontece”, completa.
Neste ano, o governo instituiu o Dia da Paridade de Gênero no calendário oficial do DF. A data será lembrada todo dia 3 de julho, como forma de incentivo a ações voltadas para a igualdade de oportunidades e de remuneração para mulheres no mercado de trabalho.
Para a secretária da Mulher, Giselle Ferreira, a igualdade salarial é um componente essencial para promover a equidade de gênero em todas as esferas da sociedade:
“Quando as mulheres recebem salários mais baixos do que os homens pelo mesmo trabalho ou trabalho de valor comparável, isso perpetua desigualdades econômicas e sociais, limitando o poder de compra, a independência financeira e as oportunidades de progresso das mulheres”.