Cidade onde seus artistas cantam as belezas da terra e reforçam a cultura local, tendo para isto palcos, e público fiel…Cantores, músicos, poetas, bailarinos, atores e atrizes diversos tornam Boa Vista um verdadeiro polo cultural
A capital de Roraima é conhecida por muitos de seus destaques, seja na sua organização, suas praças e áreas de lazer ou por sua culinária. E um desses elementos que a fazem uma cidade tão bela e exuberante é sua cultura, mais precisamente, sua arte. Cantores, músicos, poetas, bailarinos, atores e atrizes diversos tornam Boa Vista um verdadeiro polo cultural. Aqui trazemos algumas boas histórias a respeito destes que tanto contribuem com a cidade.
Boa música, com muito prazer!
Sem dúvidas, quando se fala em “música de Roraima” ou “cantor de Boa Vista”, o primeiro nome que vêm à mente das pessoas é Neuber Uchoa. Aos 65 anos, conta com mais de 50 deles dedicados integralmente à música, ofício que desenvolve desde a adolescência. Ele, que já esculpiu em madeira, pintou lindas telas, fez teatro e trabalhou com peças de arte em couro, tem na música a arte mais latente e, portanto, sua escolhida. Ou, como ele mesmo diz, “a música o escolheu para sempre”.
De lá para cá, Neuber passou por festivais pelo Brasil, teve inúmeros parceiros de palco, participou e fundou movimentos importantes, como o Roraimeira. Abriu sua casa para se tornar um centro cultural, produziu eventos e artistas, abraçou causas importantes de minorias, tornou-se um dos maiores compositores da MPB, querido e gravado por toda a região norte do país, e diz está só começando.
Hoje, com a carreira consolidada, Neuber é incontestavelmente um ídolo de todas as gerações da sua terra, de todas as classes sociais, gêneros e idades. Sua música é popular, seu estilo próprio e regionalista, marcado pela simplicidade e amor incondicional por Roraima, seu povo e tradições, miscigenação, culturas indígena e fronteiriça.
“Sinto-me imensamente honrado, mesmo consciente de ter dedicado a vida inteira a construir uma obra que fale diretamente por e para Roraima, aos povos originários daqui, ao povo que chega, aos costumes que se desenham e ao cotidiano. Tenho um amor incondicional por tudo isso. Isso é a resposta carinhosa que recebo, todos os dias. O sinal positivo de que escolhi o caminho certo. É emocionante colher os frutos saudáveis desse plantio e semeadura, de quase 50 anos. Eu só agradeço”.
Vale destacar que Neuber foi também premiado juntamente com os parceiros do Trio Roraimeira, Zeca Preto e Eliakin Rufino, em 2018, com a maior honraria concedida pelo Ministério da Cultura, a Ordem do Mérito Cultural, pela relevância da obra para a cultura brasileira. Para ele, o trabalho iniciado nos anos 80 em Roraima é um verdadeiro legado para muitas gerações, dentro e fora de Roraima.
“Todo dia recebo postagens e mensagens de pessoas de fora que conheceram nossa terra ou daqui e que estão longe, com minhas músicas de trilha sonora, falando da emoção que as letras causam, da nostalgia, do elo que as músicas fazem com Roraima, com a Amazônia e suas vivências etc. Não só eu, mas todo o trabalho iniciado nos anos 80, pelo Trio Roraimeira e todo o movimento, que este ano comemora 40 anos, foi pensado nesse sentido, não só de compreender e ajudar a imprimir essa identidade plural, formada por gente de todo lugar, mas também expandir o que temos de melhor, contribuir com o turismo, com a educação cultural das novas gerações que nascem da acomodação natural de um povo miscigenado que somos”.
A voz oficial!
É quase certo que nas solenidades, eventos escolares e em qualquer outro evento cívico do município, o Hino Oficial de Boa Vista deve ser tocado.
A letra é do músico e poeta Eliakin Rufino e a música é de Edmar Hentschke. Porém, a voz que todos ouvem e tentam acompanhar é da cantora e musicista Regina Lima. Cearense de nascimento, ela escolheu Roraima para ser sua terra de oportunidades, o que vem ocorrendo desde então.
Regina atua como cantora desde a adolescência. Passou por bandas de baile, cantou na noite e gravou jingles e backing vocal em diversas produções locais. Há pouco mais de 20 anos, a artista fazia parte da Banda Municipal e, com a necessidade de o hino ser cantando nas apresentações. Até então, a tonalidade padrão era masculina e, para alcançar as notas mais agudas (“São manhãs de Luz…”), ela teve que usar de suas técnicas vocais para deixar tudo o mais afinado possível. A partir daí, surgiu a gravação oficial, o que deixou a cantora animada por seu trabalho.
“Foi maravilhoso, desafiador e, acima de tudo, um presente, pois a música é linda. A letra fala de um povo forte que acredita e confia no amanhã. E saber que minha voz põe vida e materializa na mente de todos que ouvem é bom demais. Porque quando você canta o hino, você consegue ver o nosso município e tudo de lindo que ele nos apresenta, sente no coração essa vontade de crescer e ser feliz. O Hino do município convida o cidadão a buscar a felicidade mesmo em momentos difíceis. Por isso agradeço imensamente por interpretar essa obra linda que é um convite à felicidade”, disse.
Atualmente, Regina faz parte do time de artistas do Instituto Boa Vista de Música (IBVM), além de ter seu trabalho solo, “Regina Lima e Banda”, onde canta em bares, casamentos, aniversários, entre outros eventos.
Tem na música popular brasileira (MPB) suas principais influências, como Marisa Monte, Vanessa da Mata, Alcione, Elba Ramalho, além do axé, com Ivete Sangalo e Daniela Mercury, e até sertanejos como, Zezé de Camargo e Luciano, Chitãozinho e Xororó.
“Sou influenciada por muitos ritmos, porque essa é a minha missão: levar amor, alegria para as pessoas. Tirar um sorriso de alguém parece tão pouco, mas é tão grande. Como é bom saber que você consegue transformar o momento de alguém”, destacou a artista.