A morte de um preso político, Cleriston Pereira da Cunha, quando tomava o banho de sol, no Centro de Detenção Provisória 2 do Complexo Penitenciário da Papuda foi tema de repercussão no Plenário da CLDF.
Em sessão ordinária da Câmara Legislativa desta terça, 21, vários parlamentares foram à Tribuna para lamentar o falecimento do homem, que estava preso por sua participação nos atos do dia 8 de janeiro.
Cleriston Pereira da Cunha era réu pelos crimes de associação criminosa armada, abolição violenta do estado democrático de direito, golpe de estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça, com emprego de substância inflamável, contra o patrimônio da União, prejuízo para a vítima, concurso de pessoas, concurso material e deterioração do patrimônio público. Segundo denúncia do Ministério Público Federal, Cleriston destruiu uma viatura, invadiu o Congresso Nacional, destruiu móveis e ateou fogo no salão verde da Câmara dos Deputados. O homem foi preso em flagrante dentro do Palácio do Planalto no dia dos atos.
A condição de saúde do detento, que sofria sequelas da Covid-19, já havia sido motivo de pedidos de liberdade provisória por parte da defesa. A Procuradoria-Geral da República chegou a se manifestar a favor da medida, mas o caso não chegou a ser julgado pelo relator da ação no Supremo Tribunal Federal, ministro Alexandre de Moraes. Cleriston morava em Vicente Pires, era casado e tinha duas filhas.
O deputado Pastor Daniel de Castro afirmou que Cleriston era seu amigo pessoal e lamentou seu falecimento.
“No dia 8 de janeiro, às 15h50, ele estava em seu estabelecimento na Vicente Pires. Então recebeu uma ligação sobre o que estava acontecendo naquele dia. Por infelicidade, ele veio para a área central. Quando aqui chegou, tudo já estava quebrado. Ele deixou o carro e foi a pé até o Senado para beber água. Perdemos um inocente. Ele tomava nove remédios por dia, ficou muitos dias internado pela Covid-19 e saiu cheio de comorbidades. Foram oito pedidos de liberdade provisória. Ele precisou de 36 atendimentos médicos dentro da Papuda”, afirmou.
A morte de Cleriston era evitável.
“O laudo médico nos autos do processo ressalta que ele corria sério risco de morte devido às suas várias doenças. O ministério público se manifestou pela liberdade provisória com medidas cautelares. Foram 80 dias desde a manifestação do MPF e o falecimento. O choro da viúva poderia ter sido evitado”, queixou-se. Já para o deputado Iolando (MDB), “a morte de Cleriston trouxe uma grande tristeza para todos os brasileiros por causa da omissão do estado”, disse o deputado Thiago Manzoni.
O deputado Fábio Félix, presidente da Comissão de Direitos Humanos, também lamentou a morte do detento.
“Me solidarizo com a família. É uma tragédia muito grave que precisa ser investigada. Do início do ano até agora, já é a décima segunda pessoa que morre no sistema prisional do DF”, disse o parlamentar.
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Com Eder Wen – Agência CLDF