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Incentivos culturais do GDF mantêm viva a cultura do rock no Distrito Federal
Gênero musical é considerado patrimônio da capital, que foi berço de bandas alternativas e populares, como Legião Urbana, Capital Inicial, Raimundos e Paralamas do Sucesso
Berço de bandas alternativas e populares, Brasília tem o rock como patrimônio cultural. O gênero, celebrado mundialmente neste sábado (13), possui até uma rota com pontos que refletem a história do gênero no Distrito Federal. Legião Urbana, Capital Inicial, Plebe Rude, Raimundos e Paralamas do Sucesso são apenas alguns exemplos do talento bruto da arte brasiliense.
Essa chama musical também vem do apoio crucial que artistas recebem do Fundo de Apoio à Cultura (FAC) e Lei de Incentivo à Cultura (LIC), iniciativas do Governo do Distrito Federal (GDF) que têm impulsionado projetos artísticos e culturais desde sua criação.
Com recursos destinados a financiar gravações de álbuns, produções de videoclipes e até mesmo turnês, o FAC se tornou um aliado essencial para os artistas independentes da cidade, tanto os mais novos quanto os que difundem o som do rock há décadas na capital.
E se engana quem pensa que o rock brasiliense se concentra apenas no Plano Piloto. Em meio às regiões administrativas que pontuam o DF, como Ceilândia, Taguatinga, Samambaia e Gama, pequenos estúdios de gravação e festivais culturais estão se tornando incubadoras de novos sons e ideias. Esses locais não apenas fornecem um espaço para ensaios e gravações, mas também servem como pontos de encontro onde artistas podem trocar experiências e colaborar.
O Festival Rock Cerrado Música e Ecologia é realizado anualmente no Gama desde 1986. A iniciativa, que conta com cerca de 20 bandas por edição, recebe recursos do Fundo de Apoio à Cultura.
De Brasília, a banda Kidsgrace é um grupo fora do padrão das bandas de rock. Composta por mulheres cis e trans, a banda canta, desde 2022, sobre a desigualdade social, o racismo, a diversidade, a saúde mental e a violência contra a mulher.
A guitarrista do grupo, Lorena Lima, diz sentir-se incentivada pelo cenário cultural e musical brasiliense. Ela também ressalta a importância de projetos musicais receberam recursos distritais.
A banda já tocou em diversos festivais com apoio do FAC, como o Ferrock, em Ceilândia; o B. Rockers’s Festival, no Paranoá; o Festival Flow, no Riacho Fundo, e o Fest Rock Brasília, em junho, na Torre de TV.
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Por Mayara da Paz, da Agência Brasília
Na ativa desde 1984, a banda A.R.D. foi formada no Gama e conta com apoio de programa cultural do GDF | Fotos: Divulgação
“Os incentivos são direcionados para muitos festivais do gênero que acontecem em Brasília. Entre os principais eventos apoiados estão o Porão do Rock, o Festival CoMA, que reúne uma grande diversidade de artistas e bandas, e o Capital Moto Week, um dos maiores eventos de motociclistas da América Latina, que também destaca a cena do rock e que, este ano, está sendo produzido pela Secretaria de Turismo”, ressalta o secretário de Cultura e Economia Criativa do DF, Claudio Abrantes.Celeiros musicais

O produtor do Festival Rock Cerrado, Carlos Trindade: “Essa iniciativa está aí para incentivar, criar conexões. O rock brasiliense deve muito ao FAC”
“O FAC é o maior incentivo em Brasília. Sem o FAC, Brasília para. Essa iniciativa está aí para incentivar, criar conexões. O rock brasiliense deve muito ao FAC”, diz o produtor do evento, Carlos Trindade. Ele lembra de uma conversa que teve com Renato Russo, em 1988, quando o artista lhe pediu para não desistir de conhecer novos talentos. “Eu estava em um evento cultural e esbarrei com ele. Passamos a conversar sobre o cenário cultural e musical brasiliense, quando ele disse: ‘Não parem de produzir, porque a cultura e a música precisam de vocês. É em festivais como esse que surgem novos nomes. As melhores bandas ainda estão nas garagens, nos subsolos, nas ruas’”, relata.Apoio do GDF Foi no Gama, no ano de 1984, que surgiu a banda A.R.D., que tem Gilmar Batista como baixista e vocalista. Neste mês, o grupo embarca para Finlândia, Estônia e Rússia para a segunda turnê com recursos do FAC. Com composições autorais, a banda aborda pautas que vão desde crimes de guerra até questões mais pessoais, como a saúde mental.
“A gente tem um apoio muito grande por meio do FAC. Isso traz muitos benefícios para quem produz cultura em geral. E é uma sensação muito boa ter a realização artística. Parece um sonho”, narra o músico.

A Kidsgrace, desde 2022, faz um trabalho em que aborda temas ligados à diversidade
“A maior dificuldade em produzir eventos e qualquer outro trabalho na área de arte e cultura é a questão financeira, porque demanda muitos custos de produção. Ter essa ajuda de recursos do FAC é ótimo, porque possibilita a criação de projetos com estrutura de qualidade, com remuneração justa, principalmente para os artistas. E ainda tem a contribuição para a população, pela oferta e acesso à cultura de forma gratuita e democrática”, pontua.Rota do Rock Em 2021, a Rota Brasília Capital do Rock foi oficializada pelo decreto nº 42.074, assinado pelo governador Ibaneis Rocha. O estilo musical foi tombado como Patrimônio Cultural Imaterial do DF, pela lei distrital nº 5.615. A rota turística da capital conta com mais de 40 pontos que contam parte da história do gênero musical.
“A história do rock nacional começa aqui, na nossa capital. Brasília é cercada por pontos que foram frequentados e que deram início ao surgimento de bandas que marcaram gerações e continuam despertando a paixão pelo gênero musical. Tudo isso colabora para o crescimento turístico. Brasília, como a capital do rock, atrai entusiastas que querem conferir tudo de perto”, ressalta o secretário de Turismo, Cristiano Araújo.Tudo começou, nos anos 1980 e 1990, com a chamada “Turma da Colina” – um grupo de jovens amigos, inspirados pelo som das bandas britânicas e das referências do punk internacional, que se reuniam no conjunto de prédios usados por professores e estudantes da Universidade de Brasília (UnB) para fazer o melhor do rock da cidade. Ao longo desse tempo, passaram a fazer parte da história do rock nacional os encontros nas garagens do Lago Sul e Norte, nos gramados que viraram palco da boa música, nos estabelecimentos comerciais da Asa Sul e Norte, o evento Rock na Ciclovia e o som feito no Cave (Guará). Veja mais detalhes sobre os pontos da Rota Brasília Capital do Rock.