CRESCENTE NÚMERO de Feminicídios no DF, novamente, em debate na CLDF
Um tema que, infelizmente, ganhou mais uma sessão distrital
Vanessa da Conceição Gomes morreu na noite do último domingo (18), em Samambaia; e o suspeito é o companheiro da vítima.
Na segunda, 19, pela manhã, outro mulher é morta. Liliane Cristina Silva de Carvalho, que morava em Ceilândia, é o ex-companheiro dela que é investigado pelo crime.
Essas mortes somam uma triste verdade, o aumento contínuo do feminicídio no DF, daí, voltar a ter junto aos deputados distritais a repugnação destas mortes. Assim, os parlamentares foram à Tribuna da Casa debater a fragilidade de nossa segurança, especialmente para as mulheres.
“Não dá para continuar efetivamente esta situação que a gente está vivendo de assassinatos, de espancamentos e de violências praticadas contra as mulheres aqui no Distrito Federal”, declarou Chico Vigilante (PT) ao introduzir o assunto no Plenário.
Para ser qualificado como feminicídio, o crime precisa ser motivado por circunstâncias da vítima como mulher, como violência doméstica e familiar e menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
Números preocupantes, como assim apresentou o deputado Fábio Felix (Psol), que lembrou que já foram 11 vítimas de feminicídio no DF em 2025, incluindo mulheres que procuraram o poder público para fazer denúncias e que “mesmo assim não tiveram as respostas protetivas”.
Felix também rememorou a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) realizada pela Câmara Legislativa com foco no feminicídio. Instalada em 2019, a Comissão apresentou relatório em maio de 2021 com 80 recomendações aos três poderes do DF. Para o distrital, as sugestões não foram acatadas pelo Executivo.
“Qual é a resposta do governo do Distrito Federal? Ausência, falta de investimentos nessa área, serviços precarizados dominados, muitas vezes, por indicações de cargos comissionados que não têm a formação necessária para fazer o atendimento”, criticou Felix. Em outro sentido, o deputado Pastor Daniel de Castro (PP) enalteceu os esforços do Buriti para enfrentar o problema. “Sabemos o trabalho que o GDF está fazendo, de muita força e de muita atuação. Temos baixado todas as setas de todos os índices. Naturalmente isso não é nada: não temos que baixar, mas zerar. A onda de feminicídios contra as mulheres nesta cidade chamada Brasília precisa ser zerada de forma urgente”, analisou.
Apesar das críticas, Felix também fez elogios ao Buriti e ao trabalho conjunto do Executivo com o Legislativo distrital. Entre os pontos positivos, destacou que o governador está regulamentando duas leis aprovadas pela CLDF, a lei do passe livre temporário para mulheres vítimas de violência, e a lei da bolsa do auxílio aos órfãos do feminicídio.
"É uma tristeza saber que Brasília está no ranking das maiores capitais do país que têm feminicídio. Nós estamos falando de um orçamento de R$ 73 bilhões, de uma cidade que tem 3 milhões de habitantes e, mesmo assim, temos várias mulheres mortas”, lamentou a procuradora especial da Mulher na CLDF, Paula Belmonte (Cidadania).
Já o parlamentar Thiago Manzoni (PL) criticou a forma como a esquerda aborda o tema.
“Os valores da nossa sociedade foram invertidos. Não é o homem só que objetifica a mulher não, são as músicas que a esquerda chama de cultura, que tornam a mulher um objeto, que diminuem a figura da mulher, que fazem as nossas mulheres se comportarem como animais; não é o machismo estrutural, é o que eles chamam de cultura", pontuou.
Para o parlamentar, a adoção de valores conservadores na sociedade pode reverter este quadro.
“Quando se fala do conservadorismo e da vestimenta que se deve usar, dizem que se está querendo culpar a vítima; não é isso não. É porque nós queremos uma sociedade com princípios e valores que preservem as nossas mulheres desses canalhas que atentam contra elas”, defendeu.
Encerrando as discussões, a distrital Doutora Jane (MDB) prestou solidariedade às famílias das vítimas, que fez questão de citar nominalmente.
“Essas mulheres tiveram suas vidas ceifadas precocemente pela ignorância, covardia e violência e por tantos outros motivos que conhecemos, mas que precisamos enfrentar para que a gente não fique contando tantas mulheres mortas: já são 11 no DF este ano”, concluiu.