MESA-REDONDA NO CCBB COM CINEMAS INDÍGENAS
Cosmologias da Imagem: Cinemas de Realização Indígena”, em sua segunda semana no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro, realiza mesa-redonda com as curadoras e cineastas, apresenta filmes premiados e sessão comentada
A mostra inédita celebra o Abril Indígena reunindo 33 filmes de diversas etnias
De 16 de abril a 12 de maio de 2025. Entrada franca.
Fotos dos filmes, cineastas e trechos dos filmes:
https://drive.google.com/drive/u/7/folders/1nLe4bOG82HvRZE8wq88DmHmDHiMDAcdI |
"Cosmologias da Imagem: cinemas de realização indígena" apresenta uma retrospectiva de obras produzidas por cineastas indígenas no Brasil, entre 2011 e 2024, que vêm renovando a linguagem documental, no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro, de 16 de abril a 12 de maio. A programação é protagonizada por cineastas e realizadores de diversos povos, reunindo uma filmografia inovadora, embora ainda dispersa, que se constituiu ao longo das últimas duas décadas e está reunida aqui de forma inédita. A mostra reflete sobre a identidade e a ancestralidade brasileiras, ampliando o acesso a narrativas expressas por meio da cinematografia de cineastas originários de várias regiões do país. Serão exibidos 33 filmes - 12 longas e 21 médias e curtas-metragens -, organizados em cinco eixos temáticos que exploram diferentes aspectos do cinema indígena: Terra e Território: Brasil é Terra Indígena; Direito à Diferença: Nosso Modo de Vida, Nossas Festas, Nossos Rituais; Fluidez da Forma: Encenações e Performance nos Cinemas Indígenas; Cinemas da Floresta, do Sonho e da Luta e Para Adiar o Fim do Mundo. Entre os destaques da programação da segunda semana da mostra estão a sessão comentada por Olinda Tupinambá, cocuradora da mostra e diretora de Kaapora, o chamado das matas, no dia 24 (quinta), às 18h, que apresentará o Programa Karapotó e Tupinambá; e a mesa-redonda Retomada e transformação nos cinemas e nas artes indígenas, que reunirá as curadoras Júnia Torres e Olinda Tupinambá e as cineastas Patrícia Ferreira Pará Yxapy (RS) e Alberto Alvares (MS/RJ), na sexta-feira, 25/04, às 18h. Um dos filmes mais esperados da mostra, o premiado A Transformação de Canuto, de Ariel Kuaray Ortega e Ernesto de Carvalho, terá sua primeira exibição no dia 26/04 (sábado), às 18h30. O documentário conquistou o Kikito nas categorias Melhor Ator, Melhor Fotografia e Melhor Direção, além de ter sido eleito o melhor filme na mostra dedicada ao cinema gaúcho do 52° Festival de Cinema de Gramado. No IDFA - International Documentary Film Festival, em 2023, o filme ganhou, na mostra Envision, os prêmios de Melhor Filme e de Excepcional Contribuição Artística (Outstanding Artistic Contribution), para os diretores Ariel Kuaray Ortega e Ernesto de Carvalho. Foi a primeira vez que um filme brasileiro conquistou prêmios na mostra Envision, um espaço destinado a filmes que exploram questões sociais, políticas ou culturais de maneira criativa. O documentário, que retrata uma pequena comunidade Mbyá-Guarani, foi filmado na fronteira entre o Rio Grande do Sul e a Argentina. "Cosmologias da Imagem: cinemas de realização indígena" é organizada pela produtora Filmes de Quintal, coordenada pela antropóloga e documentarista Júnia Torres, que também assina a curadoria com a cineasta e artista visual Olinda Tupinambá, e tem produção executiva de Tatiana Mitre, da Amarillo Produções. A iniciativa conta com o patrocínio do Banco do Brasil. O Brasil conta hoje com 305 etnias indígenas identificadas, cada qual com sua própria cosmologia e visão de mundo, que, em parte, vêm sendo representadas cinematograficamente. A curadoria da mostra procurou destacar a diversidade de formas, propostas fílmicas e temáticas presentes na filmografia contemporânea dos cinemas indígenas no Brasil. Os filmes vão desde documentários, filmes-rituais, passando por filmes híbridos (que misturam documentação e encenação da vida cotidiana, da história e da cosmologia), vídeo-performances e clipes musicais apresentando realizações que muitas vezes escapam às definições e gêneros do cinema tradicional, propondo novas formas de construção narrativa. A retrospectiva destaca obras que, através de suas próprias narrativas, redefinem os protagonismos autorais e a linguagem cinematográfica no país. Esta iniciativa visa ampliar a visibilidade do movimento contemporâneo de cineastas e artistas indígenas que, nas palavras de Ailton Krenak, estão "demarcando as telas com um novíssimo cinema brasileiro". “Acredito que o cinema indígena apresenta um olhar de descolonização à imagem dos indígenas. E, assim como é extremamente importante que os povos possam fazer seus próprios filmes, é importante pensar em distribuir essas produções, pois só assim teremos a possibilidade de fortalecer o cinema nacional feito pelos povos indígenas”, comenta Olinda Tupinambá Povos e Regiões Representados A mostra apresenta obras de cineastas e coletivos indígenas de povos como Maxakali/Tikmũ’ũn (MG), Kuikuro (MT/Xingu) Yanomami (AM e RO), Mbya-Guarani (RS e SP), Guarani Nhandeva (MS), Tupinambá (SP e BA), Karapotó (AL), Awa Guajá/Tentehara/Guajajara (MA), Huni Kuin (AC), Xakriabá (MG), Mebêngôkre-Kayapó (PA), Baniwa (AM), Krahô (TO), Xavante (MT), Tupi (SP), Fulni-ô (PE) e Kaiabi (MT). "Cosmologias da Imagem: cinemas de realização indígena" não apenas celebra a diversidade cultural do Brasil, mas também oferece uma oportunidade única para o público explorar novas perspectivas e experiências através do poder transformador do cinema indígena. Esta mostra é um convite para mergulhar em narrativas decoloniais que iluminam e enriquecem a compreensão da identidade nacional contemporânea. “O foco da mostra está no poder transformador do audiovisual indígena, capaz de reconstruir nossa autoimagem como uma nação pluriétnica e de construir uma identidade contemporânea inclusiva, protagonizada por novos atores sociais e artísticos através da auto-representação. As obras selecionadas reconfiguram significativamente a linguagem do cinema documental ao registrar práticas, representações e narrativas dos povos indígenas, onde o corpo, os rituais, gestos, a floresta, o ambiente natural e seus habitantes assumem papel central na construção visual e sonora”, comenta Júnia Torres. Para mais informações sobre a programação completa visite o site bb.com.br/cultura. Os ingressos podem ser retirados a partir das 9h, no dia da sessão, no site ou na bilheteria do CCBB RJ. Sobre o CCBB RJ Inaugurado em 12 de outubro de 1989, o Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro marca o início do investimento do Banco do Brasil em cultura. Instalado em um edifício histórico, projetado pelo arquiteto do Império, Francisco Joaquim Bethencourt da Silva, é um marco da revitalização do centro histórico da cidade do Rio de Janeiro. São 35 anos ampliando a conexão dos brasileiros com a cultura com uma programação relevante, diversa e regular nas áreas de artes visuais, artes cênicas, cinema, música e ideias. Quando a cultura gera conexão ela inspira, sensibiliza, gera repertório, promove o pensamento crítico e tem o poder de impactar vidas. A cultura transforma o Brasil e os brasileiros e o CCBB promove o acesso às produções culturais nacionais e internacionais de maneira simples, inclusiva, com identificação e representatividade que celebram a pluralidade das manifestações culturais e a inovação que a sociedade manifesta. Acessível, contemporâneo, acolhedor, surpreendente: pra tudo que você imaginar. |
Programação CCBB RJ – a partir da segunda semana Disponível também em bb.com.br/cultura Dia 24/04 (quinta): - 16h - Programa Fulni-ô e Xavante Wadja (de Narriman Kauane, 28 min, livre) Abdzé Wede’õ – O Vírus Tem Cura? (de Divino Tserewahú, 53 min, livre) - 18h - Programa Karapotó e Tupinambá – sessão comentada pela diretora Olinda Tupinambá O verbo se fez carne (de Ziel Karapotó, 7 min, livre) Kaapora, o chamado das matas (de Olinda Tupinambá, 20 min, 14 anos) Ibirapema (de Olinda Tupinambá, 50 min, livre) Dia 25/04 (sexta): - às 16h - Programa Mbya Guarani Bicicletas de Nhanderu (de Patrícia Yxapy e Ariel Ortega, 48 min, livre) - 18h30 - Mesa Redonda: “Retomada e transformação nos cinemas e nas artes indígenas”, com as cineastas Patrícia Ferreira Pará Yxapy (RS), Olinda Tupinambá (BA) e Alberto Alvares (MS/RJ). Mediação de Júnia Torres (curadora). Dia 26/04 (sábado): - 16h - Programa Maxakali Yãmiyhex, as mulheres espírito (de Sueli Maxakali e Isael Maxakali, 76 min, livre) - 17h30 - Programa Mbya Guarani A Transformação de Canuto (de Ariel Kuaray Ortega e Ernesto de Carvalho, 130 min, 14 anos) Dia 27/04 (domingo): às 16h - Programa Kuikuro As Hiper Mulheres (de Takumã Kuikuro, Leonardo Sette, Carlos Fausto, 87 min, livre) - às 18h - Programa Kaiabi e Huni Kuin Rami Rami Kirani (de Lira Mawapai HuniKui e Luciana Tira HuniKui, 33 min, livre) Sigyjat - A Pesca de Timbó (de Coletivo Kaiabi, 52 min, livre) Dia 28/04 (segunda): - 18h - Programa Xakriabá e Tentehara/Guajajara ATL - Acampamento Terra Livre (de Edgar Kanaykõ, 17 min, livre) ZAWXIPERKWER KA’A – Guardiões da Floresta (de Jocy Guajajara, 50 min, livre) Dia 30/04 (quarta): - 18h - Programa Mebêngôkre-Kayapó Tuíre Kayapó - O gesto do facão (Coletivo Beture | Patkore Kayapó e Simone Giovine, 10’) Mebêngôkre pyka mã ruwyk â ujarej A Chegada dos Mêbengôkre na Terra (Kokokaroti Txucarramãe, Matsipaya Waura Txucarramãe, Simone Giovine, 10’) Menire djapej - o trabalho das mulheres (Kokokaroti Txukahamãe Metuktire, Nhakmô Kayapó, Nhakpryky Metuktire, Bepunu Kayapó, 9’) Menire djê (Bepunu Kayapó, 14’) Ngoko’ohn (Beptemexti Kayapó, 33’) Dia 01/05 (quinta): - 16h - Programa Kaiabi e Huni Kuin Rami Rami Kirani (de Lira Mawapai HuniKui e Luciana Tira HuniKui, 33 min, livre) Sigyjat - A Pesca de Timbó (de Coletivo Kaiabi, 52 min, livre) - 18h - Programa Guarani e Kaiowa Ava Yvy Pyte Ygua - Povo do Coração da Terra (de Coletivo Guahu'i Guyra, 39 min, livre) Ava Yvy Vera – Terra do Povo do Raio (de Genito Gomes, Valmir Gonçalves Cabreira, Johnaton Gomes, Joilson Brites, Johnn Nara Gomes, Sarah Brites, Dulcídio Gomes, Edna Ximenes, 52 min, livre) Dia 02/05 (sexta): - 16h - Programa Maxakali Yãmiyhex, as mulheres espírito (de Sueli Maxakali e Isael Maxakali, 76 min, livre) Dia 03/05 (sábado): - 16h - Programa Maxakali Nūhū Yãg Mū Yõg Hãm: Essa Terra é Nossa! (Isael Maxakali, Sueli Maxakali, Carolina Canguçu, Roberto Romero, 70’) - 18h - Programa Yanomami Yuri uxëatima thë - A Pesca com Timbó (de Aida Harika, Roseane Yariana e Edmar Tokorino Yanomami, 10 min, livre) Thuë pihi kuuwi - Uma Mulher Pensando (de Aida Harika, Roseane Yariana e Edmar Tokorino Yanomami, 10 min, livre) Mãri hi – A árvore dos sonhos / Yuri uxëatima thë (de Morzaniel Ɨramari Yanomami, 17 min, livre) Karemona (de Romeu Iximawëteri Yanomami, 13 min, livre) Hekura (de Núcleo de Audiovisual Xapono Yanomami, 25 min, livre) Dia 04/05 (domingo): - 16h - Programa Mbya Guarani Bicicletas de Nhanderu (Patrícia Yxapy e Ariel Ortega, 48') - 17h - Programa Guarani Nhandeva Yvy Pyte - Coração da Terra (de Alberto Alvares e José Cury, 110 min, livre) Dia 05/05 (segunda): - 18h - Programa Krahô Ketwajê (de Mentuwajê Guardiões da Cultura - Krahô e Coletivo Beture - Mebêngôkre-Kayapó, 77 min, livre) Dia 07/05 (quarta): - 18h- Programa Mbya Guarani Tava, A Casa de Pedra (de Patricia Ferreira /Para Yxapy, Ariel Kuaray Ortega, Vincent Carelli, Ernesto de Carvalho, 78 min, livre) Dia 08/05 (quinta): - 16h - Programa Mebêngôkre- Kayapó Tuíre Kayapó - O gesto do facão (Coletivo Beture | Patkore Kayapó e Simone Giovine, 10’) Mebêngôkre pyka mã ruwyk â ujarej A Chegada dos Mêbengôkre na Terra (Kokokaroti Txucarramãe, Matsipaya Waura Txucarramãe, Simone Giovine, 10’) Menire djapej - o trabalho das mulheres (Kokokaroti Txukahamãe Metuktire, Nhakmô Kayapó, Nhakpryky Metuktire, Bepunu Kayapó, 9’) Menire djê (Bepunu Kayapó, 14’) Ngoko’ohn (Beptemexti Kayapó, 33’) - 18h - Programa Fulni-ô e Xavante Wadja (de Narriman Kauane, 28 min, livre) Abdzé Wede’õ – O Vírus Tem Cura? (de Divino Tserewahú, 53 min, livre) Dia 09/05 (sexta): - 16h - Programa Maxakali Nūhū Yãg Mū Yõg Hãm: Essa Terra é Nossa! (de Isael Maxakali, Sueli Maxakali, Carolina Canguçu, Roberto Romero, 70 min, livre) Dia 10/05 (sábado): - 16h - Programa Mbya Guarani Bicicletas de Nhanderu (de Patrícia Yxapy e Ariel Ortega, 48 min, livre) - 17h30 - Programa Guarani Nhandeva Yvy Pyte - Coração da Terra (de Alberto Alvares e José Cury, 110 min, livre) Dia 11/05 (domingo): -16h- Programa Tupinambá Kaapora, o chamado das matas (de Olinda Tupinambá, 20 min, livre) Ibirapema (de Olinda Tupinambá, 50 min, 14 anos) - 17h30- Programa Mbya Guarani A Transformação de Canuto (de Ariel Kuaray Ortega e Ernesto de Carvalho, 130 min, livre) [Acessibilidade – Legenda descritiva] Dia 12/05 (segunda): - 18h - Programa Yanomami Yuri uxëatima thë - A Pesca com Timbó (de Aida Harika, Roseane Yariana e Edmar Tokorino Yanomami, 10 min, livre) Thuë pihi kuuwi - Uma Mulher Pensando (de Aida Harika, Roseane Yariana e Edmar Tokorino Yanomami, 10 min, livre) Mãri hi – A árvore dos sonhos / Yuri uxëatima thë (de Morzaniel Ɨramari Yanomami, 17 min, livre) Karemona (de Romeu Iximawëteri Yanomami, 13 min, livre) Hekura (de Núcleo de Audiovisual Xapono Yanomami, 25 min, livre |
Sinopses dos filmes organizados tematicamente: TERRA E TERRITÓRIO: BRASIL É TERRA INDÍGENA Tava, A Casa de Pedra Rio Grande do Sul, 78’, 2012 Direção: Vincent Carelli, Patricia Ferreira (Yxapy), Ariel Duarte Ortega, Ernesto Ignacio de Carvalho. Memória, mito e história Mbya-Guarani sobre as reduções jesuíticas e a guerra guaranítica do século XVII no Brasil, Paraguai e Argentina. Ava Yvy Vera – Terra do Povo do Raio Mato Grosso do Sul, 52', 2016 Direção: Genito Gomes, Valmir Gonçalves Cabreira, Johnaton Gomes, Joilson Brites, Johnn Nara Gomes, Sarah Brites, Dulcídio Gomes, Edna Ximenes. Invenção formal com conteúdo de denúncia, o filme nos ensina sobre resistência e vida nas retomadas no Mato Grosso do Sul, mostrando uma outra forma do cinema se relacionar com a terra e com os elementos cósmicos. Exibido no DocLisboa em 2018, foi destaque também em festivais brasileiros por sua linguagem cinematográfica inteiramente aberta ao modo de ser (nhanderekô) e de se documentar Kaiowa-Guarani. Premiado pelo Júri Jovem e pelo Júri Oficial do VIII Cachoeira.Doc como melhor filme. ATL – Acampamento Terra Livre Minas Gerais, 17', 2017 Direção: Edgar Kanaykõ Em abril de 2017, em Brasília, povos indígenas de todos as regiões do país e das mais diversas etnias reuniram milhares de lideranças no maior Acampamento Terra Livre da história exigindo seus direitos, que têm sido sistematicamente vilipendiados. ZAWXIPERKWER KA’A – Guardiões da Floresta Maranhão, 50', 2018 Direção: Jocy Guajajara O filme apresenta de dentro, com intensa proximidade, as atividades dos Guardiões da Floresta, grupo que defende este território com a própria vida (em sentido literal) e com as suas câmeras. Um filme de ação real e suspense, no qual a câmera, para além do cinema direto, adquire novos usos e é tornada mecanismo de vigilância, aliada imprescindível do grupo em suas ações de defesa. Não é uma câmera que caça, um clássico do cinema, mas uma câmera que defende: o território, os indígenas, o que resta da floresta, todos nós. O filme abriu o festival Autres Brésils, na França em 2020. Nūhū Yãg Mū Yõg Hãm: Essa terra é nossa! Minas Gerais, 70’, 2020 Direção: Isael Maxakali, Sueli Maxakali, Carolina Canguçu, Roberto Romero Antigamente, os brancos não existiam e nós vivíamos caçando com os nossos espíritos yãmĩyxop. Mas os brancos vieram, derrubaram as matas, secaram os rios e espantaram os bichos para longe. Hoje, as nossas árvores compridas acabaram, os brancos nos cercaram e a nossa terra é pequenininha. Mas os nossos yãmĩyxop são muito fortes e nos ensinaram as histórias e os cantos dos antigos que andaram por aqui. Yvy Pyte - Coração da Terra Mato Grosso do Sul/Paraguai, 110', 2023 Direção: Alberto Alvares e Guilherme Cury Em "Yvy Pyte", Alberto Alvares e José Cury traçam um percurso cinematográfico entre terras Guarani, desfazendo fronteiras físicas e simbólicas. O filme, entrelaçando sonhos, cantos e caminhos, revela a busca coletiva pelo tekoha, desafiando as imposições coloniais e revelando a ligação profunda entre espiritualidade, terra e liberdade. Palavras, cânticos e imagens aéreas costuram uma narrativa poética que desdobra a resistência Guarani e recria um mapa contra-colonial. Ava Yvy Pyte Ygua - Povo do Coração da Terra Mato Grosso do Sul, 39', 2024 Direção: Coletivo Guahu'i Guyra Um canto sagrado que protege a terra com os raios que contam sua própria história do começo da terra, uma história contada pelas pessoas que nasceram no coração da terra. “DIREITO À DIFERENÇA: NOSSO MODO DE VIDA, NOSSAS FESTAS, NOSSOS RITUAIS” Bicicletas de Nhanderu Rio Grande do Sul, 48’, 2011 Direção: Kuaray Poty (Ariel Ortega), Pará Yxapy (Patrícia Ferreira)Uma imersão na espiritualidade presente no cotidiano dos Mbyá-Guarani da aldeia Koenju, em São Miguel das Missões no Rio Grande do Sul. As Hiper Mulheres Mato Grosso, Xingu, 79’, 2011 Direção: Takumã Kuikuro, Leonardo Sette, Carlos Fausto Temendo a morte da esposa idosa, um velho pede que seu sobrinho realize o Jamurikumalu, o maior ritual feminino do Alto Xingu (MT), para que ela possa cantar uma última vez. As mulheres do grupo começam os ensaios enquanto a única cantora que de fato sabe todas as músicas se encontra gravemente doente. Yãmiyhex, as mulheres espírito Minas Gerais, 76’, 2019 Direção: Sueli Maxakali e Isael Maxakali As yãmĩyhex, mulheres-espírito, se preparam para partir após passar um tempo na Aldeia Verde. Há os preparativos da grande festa de despedida. Elas se vão, mas sempre voltam com saudades de pais e mães. Sueli é uma das primeiras mulheres indígenas cineastas no Brasil. Seus filmes co-realizados com Isael Maxakali, foram premiados em diversos festivais e destacados pela crítica. Em Yãmiyhex temos a chance de acompanhar o raro ritual das mulheres-espírito na Aldeia Verde, ritual que reviveu pela proposta do filme. Prêmio Olhos Livres na Mostra de Cinema de Tiradentes em 2020. Sigyjat - A Pesca de Timbó Mato Grosso, Xingu, 52', 2023 Direção: Aruti Kaiabi, Ewa Kaiabi, Juirua Kaiabi, Kujãesage Kaiabi, Mairiwata Kaiabi, Reai'i Kaiabi, Reiria Kaiabi, Rywa Kaiabi, Ukaraiup Kaiabi, Urukari Kaiabi e Wyiry Kaiabi Na época da seca, nós, os Kaiabi da aldeia Guarujá, nos reunimos para fazer a pescaria do timbó. É uma pescaria coletiva que tem regras e cuidados, mas é muito alegre e divertida e garante muito peixe para as famílias. Rami Rami Kirani Acre, 33min, 2023 Direção: Lira Mawapai HuniKui e Luciana Tira HuniKui Até pouco tempo, as mulheres Huni Kuin não podiam consagrar e preparar o Nixi Pae (ayahuasca), apenas os homens conheciam o poder dessa medicina. Um filme sobre os aprendizados, as transformações e a força da ayahuasca através das mulheres Huni Kuin. Ketwajê Tocantins, 2023, 77’ Mentuwajê Guardiões da Cultura - Krahô e Coletivo Beture - Mebêngôkre-Kayapó Mentuwajê Guardiões da Cultura (grupo de jovens cineastas Krahô) convidam o Coletivo Beture (Mebêngôkre-Kayapó) para visitar a sua aldeia e acompanhar a festa de Kêtwajê – um importante ritual de iniciação que não acontecia há dez anos. Durante vários dias, crianças e adolescentes passam por várias "provas" para se transformarem em adultos guerreiros, perante o olhar atento e compartilhado entre os cineastas locais e os convidados Mebêngôkre-Kayapó. “A FLUIDEZ DA FORMA”: TRANSFORMAÇÃO, ENCENAÇÃO E PERFORMANCE O verbo se fez carne Alagoas, 6 min, 2019 Direção: Ziel Karapotó Curta experimental que apresenta a perspectiva da contracolonização por meio de uma sofisticada performance do artista e diretor do povo Karapotó, o jovem Ziel, que alia artes visuais e cinema ao colocar seu corpo em cena para tornar presentes os macro-processos civilizatórios e os choques culturais que provocam. O filme tem uma ousadia formal marcante e foi exibido em importantes festivais de cinema do Brasil desde seu lançamento. Kaapora, o chamado das matas Bahia, 20', 2020 Direção: Olinda Muniz Wanderley (Yawar/Tupinambá) Uma narrativa da ligação dos Povos Indígenas com a Terra e sua Espiritualidade, do ponto de vista da indígena Olinda, que desenvolve projeto de recuperação ambiental nas terras de seu povo. Tendo a cosmovisão indígena como lente, a Kaapora e outros personagens espirituais são a linha central da narrativa e argumento do filme. PRÊMIOS: III FFEP – Festival do Filme Etnográfico do Pará – Melhor Curta Metragem da Mostra competitiva Divino Tserewahú; 12º Cinefantasy – Menção Honrosa da Mostra Competitiva Brasil Fantástico. Ibirapema Bahia, 50’, 2022 Direção: Olinda Muniz - Yawar Tupinambá, Viajando entre o mundo mítico e o mundo cotidiano, Ibirapema, uma indígena Tupinambá, se transmuta e percorre o espaço e o tempo, dialogando, por onde passa, com o mundo da arte ocidental, com a cidade e seus espaços de concreto e florestas domesticadas. A Transformação de Canuto Rio Grande do Sul, 130’, 2023 Direção: Ariel Kuaray Ortega e Ernesto de Carvalho Em uma pequena comunidade Mbyá-Guarani entre o Brasil e a Argentina, todos conhecem o nome Canuto: um homem que muitos anos atrás sofreu a temida transformação em uma onça e depois morreu tragicamente. Agora, um filme está sendo feito para contar a sua história. Por que isso aconteceu com ele? Mas, mais importante, quem na aldeia deveria interpretar o seu papel? Tupinambá na Baixada Santista São Paulo, 6’, 2022 Direção: Wescritor Mini-documentário musical, em formato de clipe de rap, realizado pelo grupo Wescritor, artistas tupinambá da Baixada Santista. Drill de Kaysara, o Filme São Paulo, 6’, 2024 Direção: Wescritor Mini-documentário musical, em formato de clipe de rap, realizado pelo grupo Wescritor, artistas tupinambá da Baixada Santista. “CINEMAS DA FLORESTA, DO SONHO E DE LUTA” Hekura Amazonas, 25' 2018 Direção: Núcleo de Audiovisual Xapono Yanomami (NAX). Registro do encontro de xamãs das comunidades yanomami do Rio Marauiá. Karemona Amazonas, 13’, 2019 Direção: Romeu Iximawëteri Yanomami / Núcleo Audiovisual Xapono – NAX, Crianças Yanomami mostram como buscar os frutos de karemona na floresta para saborear e fazer pequenas flautas. Mãri hi – A árvore dos sonhos Roraima, 17', 2023 Direção: Morzaniel Ɨramari Yanomami, Quando as flores da árvore Mãri desabrocham surgem os sonhos. As palavras de um grande xamã conduzem uma experiência onírica através da sinergia entre cinema e sonho yanomami, apresentando poéticas e ensinamentos dos povos da floresta. Yuri uxëatima thë - A Pesca com Timbó Roraima,15’, 2023 Direção: Aida Harika, Roseane Yariana e Edmar Tokorino Yanomami Primeiros filmes dirigidos e filmados por mulheres Yanomami Programa Coletivo Beture Ngoko’ohn Pará, 2020, 32’ 25’’ Direção:Beptemexti Kayapó A comunidade da aldeia mãe Kubenkrãkej se organiza para realizar o ritual de Ngoko 'ohn, a tradicional batida do timbó. Menire djê Pará, 2021, 13’ 49’’ Direção: Bepunu Kayapó Uma mulher colhe e prepara o jenipapo, faz a tintura e pinta sua filha com os grafismos que domina. Fala sobre as pinturas e a beleza mebêngôkre. Dois jovens realizadores Yanomami descrevem o processo de pesca com timbó, cipó tradicionalmente empregado para atordoar os peixes. O encontro de vozes e perspectivas sugere o reencantamento das imagens como forma de contar histórias. Menire djapej - o trabalho das mulheres Pará, 2022, 8'30'' Direção: Kokokaroti Txukahamãe Metuktire, Nhakmô Kayapó, Nhakpryky Metuktire, Bepunu Kayapó Três mulheres vão para a roça apanhar batata e retornam para a aldeia. O filme acompanha a coleta e o preparo do alimento tradicional kayapó. Aldeia Wani Wani T.I. Capoto Jarina. Thuë pihi kuuwi - Uma Mulher Pensando Roraima,15’, 2023 Direção: Aida Harika, Roseane Yariana e Edmar Tokorino Yanomami Primeiros filmes dirigidos e filmados por mulheres Yanomami Uma mulher yanomami observa um xamã durante o preparo da Yãkoana, alimento dos espíritos. A partir da narrativa de uma jovem mulher indígena, a Yãkoana que alimenta os Xapiri e permite aos xamãs adentrarem o mundo dos espíritos também propõe um encontro de perspectivas e imaginações. Tuíre Kayapó - O gesto do facão Pará, 09’ 37’’, 2023 Direção: Coletivo Beture | Patkore Kayapó e Simone Giovine, A guerreira Tuire relata para o neto Patkore detalhes sobre o lendário gesto do facão na mobilização contra a Eletronorte, em Altamira (PA), no ano de 1989. Mebêngôkre pyka mã ruwyk â ujarej | A Chegada dos Mêbengôkre na Terra Mato Grosso, 2024, 9'30 Direção: Kokokaroti Txucarramãe, Matsipaya Waura Txucarramãe, Simone Giovine O cacique Raoni conta aos jovens cineastas Kayapó a história da chegada dos Mebêngôkré na terra, repassada de geração em geração desde os tempos dos antigos. “PARA ADIAR O FIM DO MUNDO” Aguyjevete, Avaxi’i São Paulo, 21’, 2023 Direção: Kerexu Martin Uma celebração da retomada do plantio das variedades do milho tradicional do povo Guarani M’bya na aldeia Kalipety, onde antes havia uma área seca e degradada, consequência de décadas de monocultura de eucalipto. "Bakish Rao: plantas en lucha" Amazonas e Peru, 30’, 2024 Direção: Denilson Baniwa e Comando Matico Curta-metragem de ficção científica realizado pelo coletivo de artistas Comando Matico, do povo Shipibo Conibo (Amazônia peruana), e pelo artista Denilson Baniwa (Amazônia brasileira). O filme especula sobre o futuro do planeta Terra sob a perspectiva das plantas, propondo uma especulação entre diferentes espécies para discutir formas de resistência à monocultura, à hierarquização entre formas de vida e à homogeneização ecológica e do pensamento. Os Sonhos Guiam São Paulo, 20’, 2023 Direção: Natália Tupi Para o povo Guarani Mbya, os sonhos são como se fossem portais para tudo aquilo que não vivemos no mundo físico. Este filme retrata algumas das experiências espirituais e sensoriais do jovem líder indígena Mateus Wera, morador da Terra Indígena Jaraguá, em São Paulo. Os sonhos compartilhados são a conexão entre ele e o irmão, Karaí Poty, e entrelaçam os caminhos da vida do cacique nas lutas atuais do seu povo. Wadja Pernambuco, 28’, 2024 Direção: Narriman Kauane O documentário biográfico conta a vida e carreira de Marilena Araújo, Wadja, mulher indígena, defensora das causas indígenas, da cultura e fundadora da Escola Bilíngue Antônio José Moreira. Apresenta a sua atuação pioneira na educação indígena e no ensino didático da língua materna do povo Fulni-ô, o Yaathe. Abdzé Wede’õ – O Vírus Tem Cura? Mato Grosso, 53', 2021 Direção: Divino Tserewahú Narrado em primeira pessoa por Divino Tserewahú, o filme destaca a luta de sua aldeia, Sangradouro, ao leste de Mato Grosso, para sobreviver à trágica epidemia. Através de materiais de arquivo e imagens captadas por Divino durante a pandemia, o filme procura relacionar um passado traumático com a realidade da Covid-19 nas aldeias Xavante. Filme premiado no forumdoc.bh.2022 como Melhor Documentário da Mostra Contemporânea Brasileira. |
“Cosmologias da Imagem: cinemas de realização indígena" De 16 de abril a 12 de maio de 2025 33 filmes, incluindo 12 longas e 21 médias e curtas-metragens, organizados em 17 programas e 5 eixos temáticos distintos: Terra e Território: Brasil é Terra Indígena; Direito à Diferença: Nosso Modo de Vida, Nossas Festas, Nossos Rituais; Fluidez da Forma: Encenações e Performance nos Cinemas Indígenas; Cinemas da Floresta, do Sonho e da Luta e Para Adiar o Fim do Mundo. Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro (CCBB RJ) Rua Primeiro de Março, 66, Centro – Rio de Janeiro / RJ |